terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Segredo das Plantas

A selva amazônica guarda fórmulas de vida ou morte. Cientistas que estudam a mais cobiçada mata do planeta caminham no fio da navalha. Ainda será preciso pesquisar muito para separar remédio e veneno. O Instituto de Pesquisa da Amazônia (Inpa) tem um trabalho pioneiro. A pedido do Ministério da Saúde, está fazendo um levantamento que vai responder: as plantas têm, realmente, algum poder de cura? Para encontrar as respostas, é preciso conhecer os mistérios da selva. Trabalho para uma vida inteira. Desafio que fascina o botânico Juan Revilla. Ele é peruano, mas vive no Brasil há 20 anos. O botânico afirma que 300 plantas amazônicas, já catalogadas, mostraram um imenso potencial: poderão ser usadas na medicina, na fitoterapia e nas áreas de cosméticos e aromáticos. "Nós estamos fazendo a pesquisa em 120 mil metros quadrados de floresta. Estamos inventariando e coletando todos os indivíduos maiores de 10 centímetros. Com isso, devemos ter aproximadamente 2 mil espécies", revela o botânico.
Uma radiografia completa, de árvore em árvore. O tronco é medido, classificado e identificado. Para os galhos altos, um equipamento rústico, a peconha, facilita a subida e a retirada dos galhos. Mas quando o tronco não permite a escalada, as amostras são derrubadas à bala. Todo o material coletado é fotografado e depois embalado.
O xixuá é uma das plantas que fazem parte do levantamento do Inpa. No passado, flores e casca do xixuá só eram aproveitados para fazer licor. O produto tinha boa aceitação na Europa. Agora, a pesquisa pretende ampliar os conhecimentos sobre a planta.
A maripuama é outra planta. "Para os indígenas, ela é conhecida como mirantã; em Manaus, como marapuama; e em Belém, como mirapuama. A pesquisa no Inpa está tentando determinar o teor dos princípios ativos na raiz, na casca, na madeira, nos galhos e nas folhas. Nos mercados e feiras, é vendida como afrodisíaco", diz o pesquisador. Mesmo sem confirmação científica, a maripuama e outras plantas brilham nas farmácias populares da Amazônia.O Mercado Adolfo Lisboa, no centro de Manaus, concentra um grande número de vendedores de produtos naturais. São sementes, raízes e cascas, que servem para praticamente todos os males. O comerciante Vanderlei Souza ensina a fazer uma mistura afrodisíaca. "Primeiro pegamos uma cuia de pitinga virgem. Colocamos 50 gramas de guaraná para cada 100 gramas da mistura. O restante complementa com 10 gramas de mirantã, 10 gramas de catuaba, 10 gramas de nó-de-cachorro e 10 gramas de ginseng", explica o comerciante. São 50 gramas de guaraná e dez dos demais. "O guaraná é um pouco mais fraco que os outros", justifica Vanderlei.